sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Vital fala da ameaça de privatização da UEPB, faz revelação política e conclama entidades em nome da instituição


O Senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) publicou artigo nesta sexta-feira (27) no qual comenta sobre a possibilidade de privatização da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, ventilada ontem após declarações de professores da instituição e até mesmo da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. No artigo, ele fez uma revelação política surpreendente e conclamou entidades para se colocar a favor da instituição.

No artigo, Vital lembrou a proximidade dos dois anos de falecimento do seu pai, Vital do Rêgo, que foi reitor da antiga Universidade Regional do Nordeste – URNe, que foi transformada na UEPB, após o processo de estadualização. Ele lembrou a luta do pai em prol da instituição e citou que Vital do Rêgo abriu mão até mesmo do seu futuro político, em nome da Universidade.

Ele revelou que Vital do Rêgo rejeitou uma composição com Ronaldo Cunha Lima para disputar a eleição de 1982, em nome da estadualização da UEPB, indo para o sacrifício numa eleição, pelo PDS, contra Ronaldo. “Meu pai entendeu a composição, mas disse que, acima da vontade dele, estava o destino da URNe. E Vital foi para a disputa, talvez até mesmo contra a sua vontade, em nome da instituição. Meu pai não compôs com Ronaldo e foi para a eleição pelo PDS para salvar a Universidade”.

Veja o artigo, na íntegra:

Meu pai, a UEPB e a privatização

Daqui a poucos dias celebraremos o segundo ano de Vida Eterna de meu pai. No momento em que choramos a morte e, ao mesmo tempo, celebramos a vida, parece que as forças do mal continuam agindo na nossa Paraíba.

Esta notícia de que o Governo do Estado ameaça a Universidade Estadual da Paraíba com privatização, repercutida por professores da instituição e até da UFCG, me fez lembrar de Vital do Rêgo. A UEPB marcou muito a vida da minha família: a minha, a de Rachel, a de Veneziano, da minha mãe e, principalmente, do meu pai. Marcou, também, a nossa história política.

Dentre os títulos que possuiu, os que mais realizavam o meu pai eram o de Reitor da Universidade Regional do Nordeste – URNe e o de Presidente da Fundação Universidade Regional do Nordeste – FURNe. Era uma espécie de Laurel, Galhardão para ele.

Como reitor da antiga URNe, meu pai teve a sua vida marcada por uma situação decisiva. Havia, na instituição, uma inadimplência muito grande, acima de 30%. A Universidade passava por um momento difícil. Esta situação pode ser testemunhada por vários pro-reitores que, com meu pai, viveram esta angústia e ainda estão em vida.

A Universidade, por conta desta situação, estava em vias de fechar as portas. Para saneá-la, meu pai tomou um empréstimo e colocou como garantia a Fazenda Campo de Boi. A minha mãe se surpreendeu quando teve que assinar o empréstimo. Campo de Boi era nosso único bem, passado por herança.

Veio a eleição de 1982 e meu pai, para disputá-la, tinha que se afastar do cargo que exercia e escolher um partido político para a disputa. Ele recebeu um convite do então governador Tarcísio de Miranda Burity, que se propunha a sanear as dívidas da URNe e estadualizá-la. Para tanto, pediu a meu pai para que entrasse na disputa, contra Ronaldo Cunha Lima, pelo PDS.

Um mês antes desta decisão, meu pai recebera em nossa casa Ronaldo Cunha Lima, para propor uma composição política visando as eleições, com a proposta de quem iria disputar o Governo do Estado, dois anos depois. O próprio Ronaldo e Mário Araújo, que estão vivos, são testemunhas desta situação.

Meu pai entendeu a composição, mas disse que, acima da vontade dele, estava o destino da URNe. E Vital foi para a disputa, talvez até mesmo contra a sua vontade, em nome da instituição. Meu pai não compôs com Ronaldo e foi para a eleição pelo PDS para salvar a Universidade. Mais tarde, a URNe foi estadualizada por Burity.

Eu sempre fui um ferrenho adversário político de Cássio Cunha Lima. Todos sabem disso. Mas em todo lugar que chego, digo que a maior obra do ex-governador foi a autonomia financeira da UEPB. Disse isso, inclusive, ao então Ministro da Educação Fernando Haddad, quando eu, Cássio e Cícero Lucena estivemos com ele, recentemente.

Fui aluno da antiga URNe, fui professor convidado e concursado da UEPB, na cadeira de Direito Eleitoral e, como Senador, minha primeira providência nas Emendas Individuais e nas Emendas de Remanejamento para o Orçamento 2012, já aprovado e sancionado pela Presidente Dilma, foi colocar recursos para a construção da Central de Aulas da UEPB, em atendimento a pedido da reitora Marlene Alves.

Por tudo isso, eu não poderia deixar de me colocar numa posição de frente, contra essa tentativa – mais uma – de desmoronamento do Estado, que começou com a Saúde, está passando pelo fechamento das escolas, continua com os estudos para a privatização da Cagepa e, agora, pode alcançar a nossa UEPB.

Estamos vivendo, lamentavelmente, um Estado privatista, totalitário e corrupto. Convoco as centrais, a ADUEPB, o DCE, os CAs para uma grande manifestação, conjunta, suprapartidária, em defesa do que Vital do Rêgo colocou um dia: “A URNe é o maior patrimônio e a melhor esperança de Campina Grande”. Hoje, tomo essa expressão para dizer, na linguagem de Vital do Rêgo, que a UEPB é o maior patrimônio e a maior esperança da Paraíba.

Vital do Rêgo
Senador

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