Uma mulher foi esfaqueada pelo ex-marido enquanto dormia, colocada no carro nua e, quando estava passando pela Avenida Ruy Carneiro, em João Pessoa, se jogou do veículo após ameaças de que seria morta. Jaqueline Freire Calixto, de 33 anos, relatou que o ex-marido, Antônio de Araújo Quinho Filho, também disse que iria se matar. Assim que ela caiu do carro, ele seguiu, bateu o veículo, fugiu e ainda tentou se matar. Até a noite de ontem, ele ainda não tinha sido localizado pela polícia. Este ano, segundo o Centro da Mulher 8 de Março, 100 mulheres foram mortas ou sofreram tentativa de homicídio na Paraíba.
Segundo testemunhas, ela estava nua quando pulou do carro, às 5h24 da manhã. Imagens do circuito interno de um residencial flagraram quando o carro de Antônio, um Honda Civic, fez o contorno no sinal da Avenida Ruy Carneiro, com a porta do passageiro já aberta e a vítima caindo em seguida. As testemunhas disseram que ela ficou repetindo “foi o meu ex-marido” até a chegada da ambulância do Samu, que a levou para o Hospital de Emergência e Trauma.
De acordo com o boletim médico, o seu estado de saúde era considerado regular. A polícia acredita que o motivo do crime seria o descontentamento de Antônio com o fim do relacionamento, pois eles tinham assinado o divórcio.
Vizinhos do casal informaram que ele era muito agressivo e o casal estava sempre brigando. Em depoimento à polícia, a mãe dela informou que o casal havia se separado na sexta-feira e Antônio não ficou satisfeito. O carro de Antônio foi encontrado no cruzamento das Avenidas Nego com a Ruy Carneiro, onde possivelmente o suspeito perdeu o controle e colidiu com o muro.
De acordo com o delegado de Homicídios de João Pessoa, Marcos Paulo Vilela, três equipes passaram a tarde à procura do ex-marido dela. “Ela não estava em condições de prestar esclarecimentos, mas já deu informações no próprio hospital e confirmou que foi o ex-marido. Ela disse que acordou levando facadas nas costas, que foi levada no carro e, com medo de morrer, se jogou. Mas toda a história ainda precisa ser confirmada, são apenas informações preliminares”, contou.
Segundo o delegado, três equipes procuram o ex-marido dela, mas não conseguiram localizá-lo. “Os vizinhos contaram que, quando a perícia foi na casa, ele estava escondido na caixa d’água e saiu logo depois que a equipe foi embora. Também recebemos a informação de que alguém deu fuga a ele. A empregada também foi ouvida e relatou que o casal passou o dia juntos bebendo. Ela também contou que ele foi de manhã em casa com os pulsos sangrando e fugiu”, relatou Marcos Paulo.
Estatísticas
O Centro da Mulher 8 de Março contabilizou, até ontem, 43 mulheres mortas vítimas de violência na Paraíba, uma média de três mortes por mês. Já vítimas de tentativa de homicídio, foram contabilizadas 57. Em todo o ano passado, o centro registrou 53 homicídios e 25 tentativas. Já no Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra, até novembro, foram atendidas 237 mulheres vítimas de violência doméstica, 41 a menos do que no ano passado, quando foram atendidas 278 mulheres. De acordo com dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SEPM), foram registrados 283 casos de violência física contra a mulher na Paraíba.
A coordenadora do centro, Joyce Borges, grande parte da violência contra a mulher os responsáveis são os companheiros. Ela disse que as mulheres chegam ao centro são vítimas de violência física e psicológica praticada pelos companheiros ou ex-companheiros. “Grande parte das violências domésticas é causada por ciúmes ou porque o companheiro não aceitou o fim do relacionamento”, analisou.
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