
Um movimento grevista (ou aquartelamento) realizado pela Polícia Militar do Tocantins em 2001 é um exemplo do que pode resultar da falta de diálogo entre governos e servidores públicos. Enquanto um lado só quer [quando quer!] negociar se os trabalhadores cessarem a greve, os rebelados exigem justamente o contrário. O que pode gerar prejuízos desnecessários.
Naquele ano, a PM-TO invadiu o prédio do 1º Batalhão e se alojou com armas e munições. Os policiais queriam míseros (comparados com a ‘PEC-PB’) 47% de reajuste salarial e até cessariam a paralisação diante de uma negociação com o governo. Mas o Executivo “não negocia com grevistas”.
Com quase 4 mil homens acampados nos quartéis, o governo do Estado teve de recorrer às tropas do Exército para ‘assumir’ a segurança. Homens de guerra com armas de guerra, diante de uma sociedade que tenta livrar-se de qualquer cenário de ditadura.
Ameaças de demissões; avenidas bloqueadas por protestos; crianças em meio a armas de grosso calibre; tropas federais se deslocando a todo instante; famílias angustiadas. Tudo por causa da falta de diálogo entre as partes.
Homens de armas na mão e um objetivo bem definido em seus ideais. No outro front, o Exército com fuzis, metralhadores, bazucas! Bastava um disparo acidental para este país ser palco de uma das maiores tragédias que se pode imaginar.
O movimento durou 12 dias, os PMs não obtiveram as reivindicações exigidas – exceto a de o governo não perseguir nenhum policia envolvido nos protestos. Mas a falta de diplomacia entre as partes poderia ter causado danos irreparáveis.
Operação de guerra
O ‘interessante’ é que operações como essa nunca são feitas para combater criminosos. Na luta contra os bandidos, os governos fazem questão de montar a pior estrutura possível. Mas para sufocar uma paralisação de trabalhadores, parece que somos o país mais combatível do planeta.
‘Ameaça paraibana’
Como todos têm acompanhado, os profissionais da segurança pública na Paraíba já dão sinais claros de que podem realizar um movimento semelhante ao de Tocantins, devido à celeuma da ‘PEC 300’ no estado. Estamos preparados para resolver o problema sem prejuízos de maior magnitude?
O indiscutível
Todo mundo sabe os males à sociedade que uma greve nas polícias pode trazer. Mas ninguém ainda apontou quem são os verdadeiros responsáveis por toda essa confusão. Quem aprovou uma lei ilegal? Quem usou de má fé os seus poderes políticos? Quem não cumpriu a lei ao negar o aumento aprovado em lei? Quem pagaria por uma tragédia neste estado? A polícia?
Ainda há tempo
A saída mais sensata para se evitar um problema maior talvez seja um diálogo entre governo e as categorias. O estado deve entender que não se faz segurança pública sem que o próprio profissional se sinta seguro. E quando os limites do [in]suportável dá o seu sinal, é melhor pensar com inteligência e prevenir o tsunami que poderá surgir. Não se sabe onde iríamos parar.
ParaibamQAP
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