domingo, 22 de agosto de 2010

Fogo em Tocantins atinge área do tamanho de metade de Sergipe

Incêndios atingiram um milhão de hectares na Ilha do Bananal, em TO.
Outros estados, como MT, PA, RO e PA, sofrem com focos de queima.

Do G1, com informações do Fantástico
Em apenas um dos focos de incêndio da Ilha do Bananal, no Tocantins, a linha de fogo avança por três quilômetros na floresta. A maior ilha fluvial do mundo enfrenta grandes incêndios há cerca de uma semana. Por lá, o fogo já atingiu quase um milhão de hectares, equivalente a cerca de metade do tamanho do estado de Sergipe. No horizonte, a fumaça brota da mata, que abriga o Parque Nacional do Araguaia e reservas indígenas.
As brigadas do PrevFogo, sistema por meio do qual o Ibama controla incêndios no país, tentam combater a linha de fogo mais alta, cuja fumaça torna-se insuportável para os olhos a mais ou menos um quilômetro de distância do foco principal. A estratégia é esfriar o ambiente com água e, na sequência, apagar as chamas com abafadores de borracha.
A Ilha do Bananal é a área mais crítica para incêndios no país. Em todo o Tocantins, há quatro vezes mais queimadas do que no ano passado. Há poucos dias, as labaredas avançaram sobre o Parque Nacional do Lajeado, ao lado da capital Palmas, mas o fogo já foi controlado. Uma equipe permanece acampada no local para evitar que o fogo reapareça. "Quando dá uma reignição, a gente aciona dois, três, quatro para ir lá e fazer um rescaldo bem rápido. A gente sabe que aquele fogo está controlado”, explica o coordenador do Prevfogo Marcelo Santana.
O fogo também já causou estragos em outros estados além do Tocantins. Em Marcelândia, Mato Grosso, a população teve de fugir de incêndios que começaram em serrarias e chegaram na cidade. No Pico do Gavião, em Minas Gerais, também há casas transformadas em cinzas. No Parque Nacional das Emas, em Goiás, 60% da área foi queimada.
Na Amazônia, na imensa área que vai do Pará até Rondônia, o fogo avança sem encontrar resistência. Uma nuvem de fumaça atrapalha o voo de ambientalistas do Greenpeace, que fazem um reconhecimento da região, e chega até Manaus.
Em Porto Velho, é possível ver a linha de fogo do espaço. Imagens de satélite mostram como ela chega à atmosfera e espalha gases tóxicos em uma área que sai da Amazônia, bate na Cordilheira dos Andes e chega ao Sul do Brasil. O principal componente é o monóxido de carbono, o mesmo que provoca morte por asfixia em acidentes com aquecedores a gás.
Outra imagem mostra como as queimadas no Brasil emitem mais gases de efeito estufa do que toda a atividade industrial e geração de energia no país, incluindo derivados de petróleo. “Hoje, a umidade relativa do ar está em menos de 15% no sul do Amazonas e no norte de Mato Grosso – 15% de floresta tropical úmida, enquanto em São Paulo e Minas Gerais está entre 20 e 25% - o que é absolutamente assustador”, diz Paulo Adário, do Greenpeace.
Desde o início do mês, as queimadas em todo o país já representam o dobro do que foi registrado em todo o mês de agosto do ano passado. Os incêndios geralmente começam em pastos ou seguem o traçado de estradas. Só no Parque Nacional do Araguaia, em Tocantins, já foram destruídos 250 mil hectares. A Ilha do Bananal teve quase um milhão de hectares atingido e a temporada de incêndio ainda tem dois meses pela frente.

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